segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Zumbis Tomam na Veia

        "(...) e pelo mecanismo eficiente da natureza; por motivos físicos que podem ser explicados pela ciência moderna, chegamos enfim a compreender o fenômeno da religião, por exemplo, quase como foi possível conhecer a mente humana e a nós mesmos."
        -O que estás lendo aí, Barriga?
        -Pô, Jiló, saca só o que esse cara escreveu: "faço coro com a miséria em redor, que nos alimenta de restos e nos embriaga o juízo, até nada sobrar além de gritos desesperados."
        -Caramba! Esse negócio de vampiros e zumbis ainda vai te fazer mijar na cama! Quá-quá-quá-quá-qua...
        -Pô, mermão, estou falando sério! Já dei um tempo com as estórias de terror. Isso aqui é o relato de uma maluca que peregrinou pela Índia atrás da iluminação e acabou sendo comida por uma legião de indianos famintos! Fizeram até um filme, Jiló!
        -Ué? Mas eu pensei que lá na Índia eles não comiam carne...
        -Só de vaca. E diz que a moça era vegetariana, ou talvez tenham comido ela em sentido figurado, ainda não li tudo.
        -É isso aí, lá todo mundo tá fodido também! Quando terminares me conta o final.
        E Jiló levantou-se para urinar, pensando:
"Pôrra, tem graça isso? Passar a tarde toda enchendo a caveira com cerveja quente pra depois ter caganeira e uma ressaca? E jogando conversa fora com o Barriga! Putz! Melhor ler aquela porcaria de livro de zumbis, será que não existe nada melhor para se perder tempo? Peraí, se bem que alguns zumbis até que são bacanas..."
No frente do banheiro havia um cidadão que pela cara estava ali para cheirar um pó. Ficou prestando atenção na conversa do sujeito que falava nervoso no celular último tipo, e estava transtornado como se esperasse para tirar o pai da forca:
-Pô, rapá, já vou deixar pro senhor! Só falta separar a tua perna, falando sério, achas mesmo que eu vou capar? Mas é porque tem algum filhadaputa trancado no banheiro achando que é escritório de maluco...
                                                                    ...
"Estavam todos naquele barco que deslizava nas águas barrentas movido pela correnteza do Ganges, enquanto as pessoas aglomeradas ao redor permaneciam de pé segurando a respiração, com merda batendo pela canela. Bosta suficiente para todo mundo mas a cada momento produzindo-se mais, o que em breve faria transbordar a imundície daquele rio sagrado por todos os cantos do globo."

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