terça-feira, 25 de outubro de 2011

Fecho As Janelas

        "Navegar é preciso,
         Viver, não é preciso."

       Estou aqui, vendo este pôr-do-sol, ouvindo a nossa música preferida, chorando sozinho, sinto tua falta.
       O amarelo brilhante do céu, incandescente, risonho, alaranjado, roxo. Tanto olho que fico por instantes com os olhos cegos. Olhar tua tão bela natureza cega os olhos.
       As pupilas dilatadas, o cheiro de fumo, as sete moradas por qual passei e o beijo de uma deusa morta.
       Este céu incandescente azul-amarelo-laranja-púrpura que não pára de espojar-me, eu sentado à janela olhando pra essa cama desfeita, o final de tarde maravilhoso, ainda consigo sentir tua presença ao meu lado e os beijos, como se a meia hora atrás não tivesses partido...
       (O Rádio toca a mesma música, várias em seguida, e você não vai prestar atenção, costumavas esperar até o programa terminar, agora vais embora rápida, como que fugida da tua própria casa!)
        -Olha...
        -Eu te olho fundo!
        -Não, falando sério, apaga essa luz.
        -Deixa eu olhar teu corpo delicioso...
        -Então me deixa ficar em cima...
        :Agora irás saber, a tua ausência me mata, e que pôrra de ausência doída que tem o teu nome! Isso é um erro? É o erro e a punição de quem vive os próprios erros...
        Desculpa não escrever mais, eu bem que queria.
        De tanto ver o crepúsculo, acabou-se toda a vivacidade do espírito, a luta, a vontade de estar vivo, e a vontade de te dizer, pela última vez:
        "-Ficas com quem quiseres, mas todos querem só te comer, descarta pelo menos os otários."

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