"Eu tenho mania de deixar tudo para depois...
Depois a contagem das cartas a responder...
Depois a arrumação das coisas...
tanta, tanta coisa..."
Estava ali na sua frente e não podia acreditar. Sempre se deparava com situações como esta, existir era uma sucessão de fenômenos aleatórios, uma forma de vida que adimitia o mínimo de objetivos, pois na verdade nunca encontrava meios de dispô-los organizadamente em sua cabeça.
Por isso algumas vezes quando encontrava-se cara a cara com um fato, não conseguia ao menos perceber que estava diante de um fato. Como naquele dia convencional deparou posto e colocado diante de seus olhos, mas que obrigava-o a forçar a imaginação para tentar descrevê-lo.
-Meu Deus! O que será isso?
Procurou no dicionário sinônimos, verbos, substantivos, adjetivos, mas nada encontrou ali que pudesse explicá-lo. Depois uma gramática empoeirada, o livro de um certo pensador, uma imagem, um filme, uma música...
Aprendemos que as coisas nunca são como se quer, nos acostumamos com as maiores safadezas e nos preparamos achando que o pior está por vir. Mas o que fazer se um dia o melhor chega?
Olha, olha, procura daqui e dali, toma forma mas não diz à que veio, apenas está lá como sempre esteve, uma mancha na parede, um teste psicológico, uma loucura branda e macia, a areia da praia à noite depois que saiu a lua e choveu e quase que o sol nasceu de novo:
-Por que só agora?
-Se pudesses perguntar apenas uma vez, seria essa mesma tua pergunta?
-Não, claro que não! Seria...
E finalmente encontrou a resposta.
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