-Sério cara? Que massa!
Tava explicando para aquele garoto que além de mim, só existiam mais oito punks na cidade, e que a gente se reunia todos os finais de semana num local secreto, pra botar os assuntos em dia, dividir estórias e tal.
Muita coisa falam a nosso respeito, a maioria errada. Por exemplo, nem todo punk vive apenas pra feder e encher a cara, ninguém precisa ser punk ou o que seja pra fazer isso.
Me visto de preto, ok, mas as freiras também, então isso também não significa nada, qualquer babaca pode se vestir de preto.
Deixa eu ver que mais que falam, que a gente não sabe se comunicar e por isso só usa frases curtas; que nossa memória é uma merda e outras coisas de que não me recordo no momento.
-Mas você odeia os Skin-Heads, não odeia?
-Égua, doido! Tu não entendeste que na verdade eu odeio todo esse sistema?
-Então todos os seres humanos?
-Claro! Por acaso não está todo mundo no sistema? É igual a matrix, cara, só que eu mandei o careca enfiar no cú as pílulas...
Era complicado eu tendo que explicar toda a filosofia profunda por trás do movimento, gastando saliva e aquela besta ali parecia que não estava entendendo nada, como prova do poder da burguesia, que corrompe os cérebros e nubla as visões de felicidade do único sistema justo possível na terra: o Sindicalismo Punk.
Fiquei meio que pensando com minhas correntes, chapado, o fedor começando a incomodar; quando eu vejo esse tosco do meu lado desembrulha um papel e tira de dentro um guardanapinho, desses de lanchonete, com maconha dichavada:
-Pôrra! Não acredito que tu vais bolar um baseado bem aqui do meu lado!
Falei pro imbecil sair dali se não quisesse tomar umas correntadas, que se ele fosse fumar essa merda e estragar o corpo dele, que fumasse bem longe de mim, pois eu não ia proibir ninguém de fazer a idiotice que quisesse, sou contra a intolerância, a repressão, o fascismo e a hipocrisia.
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