Contos em geral, aproveitando a oportunidade da vida dada por Deus, o que gera enormes dúvidas quanto ao destino de cada um frente essa coisa chamada morte. Como um exercício de estar no mundo e de crescimento espiritual, aprendizado e diversão, contribuindo com a construção de uma pessoa melhor consigo mesma e com os outros.
segunda-feira, 2 de abril de 2012
Exatamente Aqui
O garçon trouxe outra cerveja, quente como as outras.
Ele encheu os copos. Mas ela, ao invés de continuar falando, começou a encará-lo nos olhos.
Sabia que aquilo era uma palhaçada: despeito de quem se sentia ofendida; mas mesmo assim resolveu entrar na brincadeira:
"Caramba! Eu na minha idade e me acontecendo uma coisa dessas."
-Vem cá, sabes quantos anos eu tenho?
-Sei muito bem...
E o pior é que ela, embora não soubesse, podia ao menos suspeitar, pois estava sentada à sua frente e encarava-o.
Mas o que era mais estranho: ainda não tinha ido embora:
-Você é parente daquele cara que ficou conhecido porque foi citado no livro de um escritor famoso, não é? Aquele escritor que virou até nome de rua na nossa cidade?
O cara ficou olhando pra ela calado, sem ter nada na cabeça grisalha para dizer, apenas imaginando um jeito de levá-la rápido para a cama, pois sempre que saía levava o comprimido azul no bolso.
Assim que via uma possível jovem presa, ficava logo excitado e pensava: "Uh-huuuuu!!! Vai dar certo desta vez!!!"
A gata falou:
-Careca, baixinho, dente faltando e nariz torto! Fora que és tão velho que podias ser meu pai, e ainda quer me comer? Ha ha ha ha ha ha ha ha ha ha!!! Desculpa, tio...
Mas ele achava que ela era 'uma gracinha'.E foi assim que ele contou a estória pros chegados, gravemente:
'Ela, feito uma rameira, eu reusando, tentava dizer-lhe: O mundo é assim mesmo.'
Mas no dia em que acontecer qualquer coisa séria com esse cara, com uma puta ou uma mulher de verdade, o cara morre de aneurisma! Mas se tiver um pouco de dinheiro, troca de artérias com outro defunto...
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