Tentavam caminhar para frente, a maioria de nós perdidos: alguns arriscavam-se pelo asfalto, outros protegiam-se na sombra das poucas árvores que ainda restavam pelo subúrbio, mirradas e secas, misturando-se na vista com a poeira do ar.
Nem bichos, nem pássaros; naquela secura ninguém encontrava o rumo; o calor excessivo tornava qualquer esforço demasiado inútil. Além do que confundia o pensamento um eterno suor escorrendo pela testa, fazendo arder os olhos das pessoas.
Faltava ali uma brisa, uma corrente de ar que amenizasse a quentura, que livrasse daquela dor nos pés e do pó cinzento que impregnava tudo, criando uma cortina que encobria os objetos.
Talvez o ofuscamento causado pela luz impiedosa provoque alucinações, mas é difícil acreditar que alguém faça coisas inconscientemente por causa disso.
O sol do meio-dia podia dissolver as formas dos objetos, mas qualquer um encontraria alívio vil sentando à beira de algum dos inúmeros cursos d'água existentes no lugar, para refrescar-se.
Passava o tempo e passava o calor, mas o sol de todos os dias novamente implacável impedia-os de ver isso, assim só pensavam em botar dentro da correnteza as pernas.
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