quinta-feira, 17 de maio de 2012

Passageiro Estranho




        A rotina cansava; terminada a novidade, resta pouca coisa. O trabalho distraía, o estudo era uma necessidade, mas as pessoas esperam alguma coisa a mais da gente, até o dia em que deixamos de se importar.
        O que fazia e o que deveria fazer, a cabeça martelando as obrigações diárias; culpava a falta de tempo e ânimo: quem dera fossem as coisas mais simples.
        Porque só o tempo daria as respostas. É no final que entendemos pouco ou nada do motivo disso daí.
        Depois vamos acostumando a fazer as coisas de um certo jeito, quando então as mudanças deixam de ser boas: o dever de criar novos hábitos, apostando que finalmente agora dessa vez vai.
        Mas talvez por receio, comodismo ou preguiça, forças exteriores que impedem a vontade e vão minando a resistência, o dia seguinte começa a se tornar tão insuportavelmente igual ao anterior, que é capaz de em pouco tempo levar a gente a desistir, sem esperar mais nada dos outros.
        Mesmo assim o mundo está aí, e é imenso.
        As pessoas esbarram umas nas outras, têm todas as possibilidades imagináveis e também a falta delas, dentre tantas escolhas pela frente; até quem sabe ficar em cima do mundo, admirando o movimento dos que passam, o olhar perdido num ponto ao infinito, pensando sabe-se lá o quê da vida: talvez tentando lembrar de como tudo foi acontecendo, ainda esperando surprender-se a cada nascer do dia com um espetáculo que nunca muda.

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