-Eu preciso de você!
-Eu já não quero mais saber de ti!
-Sabes que te amo, fica comigo.
-Credo! Te falei que tenho outro, desencana!
Olhava aquela cena meio bizarra, mas perfeitamente comum, do casal que tomava a quinta cerveja e mal tinha tocado no tira-gosto.
O cara era um senhor por volta dos seus quarenta e poucos anos; a moça mal tinha chegado aos vinte; mas tinha um certo jeito de parecer dona de sua vontade e de si mesma.
Como se tomar aquele porre, fumar, discutir e beijar um homem de meia-idade fosse apenas capricho, sentindo-se maior do que si mesma perante outros babacas.
Fora as coisas que fazia com a língua.
Teria saudades dela, foi o a primeira coisa que o cara pensou, assim que ela levantou e foi embora e imaginou que talvez nunca mais encontraria uma mulher igual àquela...
Daí ouviu um som que o fez dormir e teve um sonho: sonhou como se o mundo fosse feito de um mesmo elemento poderoso, feito um perfume de flores e suas cores, feito fogo índigo, um gosto de nozes, leite e mel.
E antes de acordar viu por dentro do pescoço o teto, no momento da derrubada de um jambeiro, em que o corpo desperto notava que era possível esquecer-se de tudo, feito um sonho inteiro esquecido, como quem perde um cílio.
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