domingo, 27 de maio de 2012

Do Amanhã Nada Saberemos




        Um convite inesperado e no dia seguinte rumava pela manhã bem cedo para voltar à ilha de tão boas memórias.
        Ao  botar os pés na areia eram ali exatamente onze e trinta e três, depois da travessia de canoa do Quarenta em direção à vila de Mocooca, seguindo a pé uns vinte minutos, até alcançar a Comunidade do Índio Verde, onde deveria permanecer durante o restante da semana.
        Pediu uma cerveja que veio estupidamente gelada, cavada do fundo do congelador, para ver se tomava coragem de se atirar na maré, naquele sol do meio-dia à pino, mas felizmente o vento constante não deixava a gente sentir o calor.
        -Rapaz, vou mandar desligar esse ar-condicionado, que já tá gastando muita energia...
        Era o Índio, tirando maior barato que aquele era o melhor lugar para se tomar cerveja no mundo: a areia brilhava de tão branca e tudo era muito iluminado; o vento permanente aliviava a pele dando uma sensação de sonho naquele braço de mar esverdeado, as manchas acinzentadas dos cardumes de sardinhas.
        Aos 19 anos, temos a certeza de que em nossa vida faremos apenas coisas inocentes, convencidos de tomar sempre as decisões acertadas, ao invés das verdadeiras cagadas que nos acompanharão a vida inteira.
Pode-se sinceramente ter uma opinião verdadeira sobre o mundo e o futuro, e do fundo do coração seguiremos aquele caminho, correndo o risco de tomar para si as maiores preocupações, enfrentando cada problema com a dificuldade mental dos que têm obrigação de mentir em cada momento àqueles quem ama, e o que é pior: mentindo para si e para os outros, que é uma merda tão inimaginável que fode o convívio.

3 comentários:

  1. Teu blog é lindo! Parabéns!
    Vem conhecer o meu:

    leiakarine.blogspot.com

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  2. Tomamos por vezes a intenção involuntária de complicar.
    Ser simples e viver avida como ela é, deve ser a meta sempre.
    Belo texto,um convite para pensar. Beijo de leitor.:-BYJOTAN.

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