A morte a mim não mais importa
se bate à porta, ou vem na ânsia
de que enfim eu não me esconda
feito medrosa criança
Mereço nesta terra maior agonia
Esta desesperadora consorte
que casa comigo e anuncia
sua madrinha indissolúvel, a morte
Sinto vermes roendo o olho
Comendo a carne morta hospedeira
Em meus ossos, buracos de peneira
Pútrida carne é a flor que colho
Na ladeira desta vida em declínio
Disputam dentro de minha barriga
Vermes de profundos escrutínios
Enfrentando-se com as lombrigas
Não há dúvidas, na morte cessa
todo o ato que podia em vida
nesta campa em que me encerram
que lição trago apreendida?
Que não quero voltar pra fantasia
melhor fico no lugar que me puseram
Que a morte é dos vivos último erro
e pros mortos é morte a própria vida
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