terça-feira, 23 de agosto de 2011

Domingo Na Praça

 
       O dia estava muito claro e o céu de um azul completamente sem nuvens, o que costuma despertar na maioria das pessoas uma  vontade de sair para a rua, de passear por aí ao lado de alguém, ou até para encontrar alguém. Principalmente se este dia, pra grande felicidade de José Eulálio, coincidisse com um feriado, quando portanto não precisava trabalhar.
Saiu então também pra rua, ligou e ficou de encontrar uma pessoa. E essa pessoa, assim como ele, gostava muito de tomar birita. Ele então sugeriu de encontrarem-se num bar:
- Pô, mas sabe o que é? Eu estou sem capital pra tomar cerveja, por que a gente não aproveita hoje e vai tomar uma vodka lá na praça?
- Tá na mão! Então a gente se encontra lá daqui a uma hora!
- Falou!
A praça, como de costume, naquele dia estava cheia de gente. José Eulálio tinha levado a vodka, e dava pequenos goles enquanto admirava a tarde, sentado naquele banco de praça. Pensou ele: "Cara, que dia feliz! Não sei se é essa bebida. Não sei se é essa espectativa no ar... só sei que hoje não quero me matar! Pelo contrário, quero hoje celebrar a vida! Quero olhar nos olhos de cada pessoa que me olhar e desejar boa tarde..."
- Boa tarde!
Os dois rapazes, talvez namorados, não entenderam muito bem, e talvez por acharem que era um assalto, apertaram o passo. Mas o céu continuava muito lindo, a luz do sol tinha ficado mais forte, as folhas balançavam com o vento. E como estava bonita aquela tarde:
- Boa tarde!
- Pra ti também!
As duas falaram e continuaram caminhando. Acenei pra elas e fiquei olhando enquanto elas iam embora rindo. O que mais faltava ali? Sentei de novo e fiquei dando boa tarde pra todo mundo que passava. Quando a pessoa que eu esperava chegou, haviam uns cinco desocupados em volta de mim, escutando as piadas mais toscas do mundo, mas achando graça de graça; e eu também contente de muito, que nem sei que horas consegui notá-la ali:
- Aí ele fez desse jeito com a bola pra quicar, bateu duas solas e...
Lá estava ela na minha frente, linda, fazendo cara de brava, porque eu já estava muito doido, a garrafa tava pela metade, e só agora eu tinha visto ela.
- Te amo...
Levantei de um salto e não deixei ela fugir. Como eu amava essa mulher! Dei um beijo nela, e depois mais outro, e mais outro... E não queria parar de beijar aquela boca maravilhosa. Até que estranhamente senti alguém cutucando meu ombro com um dedo sujo e pontudo. Era um dos vagabundos que tinha se levantado do banco, querendo mais um gole da vodka que já estava no fim:
- Pô chegado, aí tu falastes do cara que bateu duas solas... e qual é dessa cana aí?
- Pois é irmão, aí o senhor vem me impregnar com esse papo furado só por causa de birita?  Então o cara bateu as solas, deu uma bicuda assim e falou: "Olha que nem eu faço no cú de quem vem me tirar por causa de cachaça!"

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