quarta-feira, 20 de julho de 2011

Caos & Cosmos

  Uma música familiar,
  uma sensação familiar,
  vontade de voltar ao tempo
  de onde nos expulsa a memória...




Uma estudante no meio de outras dezenas, o uniforme do colégio que diluía as personalidades tão eficiente quanto uma multidão, você estava lá sentada e eu me aproximei. Havíamos conversado antes sobre uma amiga sua ter ficado interessada em mim, mas era você quem me agradava mais,  eu sabia que você estudava na sala em frente a minha, porque todo dia via você entrar e só depois eu entrava também.  Lembro teu cabelo preso bem alto na nuca, e tão frágil me parecia, tão doce, naquele dia você sentada por algum motivo sozinha e eu cheguei e pedi um beijo e então tocamos nossos lábios, e quando tentei botar a língua você achou estranho, porque aquela era a primeira vez que tinha beijado um rapaz, e eu adorei.
Naquele dia a gente passou o resto do tempo junto conversando, tentando se conhecer de verdade. Tão estranho que duas pessoas que só sabiam do outro o nome, primeiro se beijem para depois conversar sério,  e aí a gente espera mas não está preparado, pois embora desejando naquela hora ter encontrado o primeiro, e até agora único, amor da minha vida, podia ser que a coisa não durasse mais após a despedida, cada um pra sua casa e nunca mais se falando, talvez no outro dia até meio constrangidos porque acontece assim por causa do momento e depois perde a graça. No entanto durou e muito, e dura até hoje em uma parte de mim, que virei um filho da puta, aprendi que agora trepa-se às vezes sem nem saber a graça do outro, é normalíssimo, todo mundo querendo gozar com a maior quantidade de gente possível, basta sentir tesão e ter uma camisinha à mão e pronto, às vezes nem isso, escorados numa quina de muro, num quarto emprestado, hotel, motel, em cima do freezer quando o álcool já encharcou o cérebro, os copos cheios, achando que ninguém vai se lembrar de pegar uma cerveja pelos próximos quinze minutos.
            Querendo experimentar o novo, como no Gênesis, acaba-se provando água de fossa e expuso do paraíso, tendo agora de encontrar sentido melhor para a vida, imerso em todo tipo de atalhos e volteios e mistificações, amaldiçoando a humanidade.
Fomos felizes enquanto nos amávamos sem nada acontecer e só tínhamos olhos um para o outro, mas disso não nos dávamos conta até nos cercarem as outras pessoas deste mundo.

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