domingo, 13 de maio de 2012

Algo a Mais no Meio Desconhecido



        A tarde estava linda. Entre julho e agosto o sol mostrava-se admiravelmente amarelo brilhante, inundando todas as coisas, entre nuvens e paredes e pessoas com o tom de ouro mais essencial ofuscante.
        Fazia calor, era abafado, a chuva quase não vinha, pois o Criador mantinha seus segredos; olhasse para nós cá embaixo, provavelmente sentiria pena, sem admitir que Sua mais perfeita obra havia dado errado.
        Claro e evidente que não; pessoas encontram-se entre caminhos tortuosos, como as linhas por onde Ele escreve. O prometido há tempos que finalmente se concretiza. Sinal de que as coisas erradas são fáceis de perceber. Difícil é saber quando tudo dá certo.
        Deitada na rede embalava-se, sem mais ter o que fazer. Depois de iniciada, nossa estória continuava.
        Às vezes tinha vontade de falar alguma coisa, mas permanecia calada; era mais fácil seguir ao sabor da vida, mesmo quando aparentemente nos encontramos num beco sem saída.
        Finalzinho da tarde finalmente caiu uma chuva e o clima ficou mais fresco, deixando a gente mais relaxado, um pouco inquietos até a hora de ir cada um pro seu lado.
        O melhor jeito de enfrentar o calor é tomar algo quente.
        "-Cara! Mas que dia foi ontem!"
        Dizia consigo mesmo, pois não havia ninguém por ali. Vivendo num quartinho vagabundo, com um banheiro sujo no fim do corredor, no décimo andar dum prédio sem reboco, sentia uma alegria besta com as cores que o sol ia deixando durante o dia na parede que ele mesmo havia pintado de vermelho, rosa, salmão, sei lá.
        Voltava do trabalho, tirava os sapatos e dormia. Acordava após algumas horas e novamente saía, tirando forças de onde não havia, esperando que não estivesse vivendo errado novamente.

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