terça-feira, 1 de maio de 2012

Escrever Você



        Batiam palmas na rua. Após alguns segundos, percebi que era na frente de casa. Desci e vi a moça ao mesmo tempo em que ela ligava no celular, naquele sol da tarde, reclamando:
        -Até que enfim, né?
        Tentei explicar que a rua inteira batia palmas quando chegava em casa, acho que era uma espécie de mandinga, ou então eles também não tinham campainha como eu:
        -Se você vier outra vez, bate com o cadeado desse jeito, que eu vou saber que é aqui.
        O som metálico que o cadeado fazia ao bater forte na grade do portão reverberava por toda casa, sobressaindo entre os barulhos da rua, inconfundível, até me alcançar lá em cima. Eu poderia estar dormindo, no meio do sétimo sono, na semivigília, mas instantaneamente gritava: "Já vou!"
        Subimos.
        Ela sentou na cama e me olhou de um jeito calmo, como se esperasse alguma coisa de mim, mas eu não podia esperar: comecei a beijá-la e pedi que tirasse a roupa, o que ela fez prontamente. Enfiei a boca em seu seio  e ela começou a se contorcer, até colar seu corpo no meu.
        Havia árvores e luz do sol; nuvens que passeavam pelos ares, levadas pelo vento, derramando-se carregadas de chuvas.
        E o vento trazia as gotas que refrescavam, secando nosso suor ao mesmo tempo em que acariciava o corpo da mulher que me escolhera naquela tarde; então anoiteceu, aí ela segurou meu rosto com ambas as mãos:
        -Posso te dizer uma coisa?
        -Claro!
        -Tenho que ir embora, mas um dia eu volto...
        Me olhava meio que se desculpando:
        "Ela nunca mais vai voltar." pensei, "Outra vez, resista..."
        Mas tive que falar:
        "Depois de tanto tempo distante você aparece de novo na minha vida, isso é inacreditável! Quem espera a volta de alguém incessantemente, ressuscitado por este sopro frio e doce, aquela por quem sentimentos possuía, e que até hoje não passavam de boas lembranças? És capaz de reviver tantas coisas boas aparentemente esquecidas, ressurgindo com essa força maior que a gente nunca teve? Agora é de verdade, volta mesmo!"    

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