domingo, 20 de maio de 2012

Entrada Pela Porta Quebrada




         Noite amena.
         Ela chega, vinda de um churrasco da casa de amigos e conhecidos, falou que ia bater em casa, não acreditei. Demorou, mas quando menos esperei, ela apareceu.
         Continuava linda como sempre. Dessa vez tinha algo diferente em seus olhos, um brilho estranho, como se tivesse bebido ou fumado, embora das muitas vezes em que bebemos juntos ela continuasse normal: nunca como aquela pessoa capaz de devorar alguém só com um olhar.
        Admirado, pois achava que ela não vinha, disse que era ela quem definia suas prioridades, "se não quisesse ficar poderia ir embora!" Mas pedi que ficasse mais um pouco, no que ela recusou, pois:
        -Tens uma criança de colo, não saberia o que fazer ouvindo ela chorar.
        Foi logo após que retruquei, "a bebezinha é bem quieta!". Mas aquele pingo de gente, mais bonita que toda a natureza das frutas do mundo, começou um chorinho inacreditável, afagando nossos ouvidos, exigindo atenção, essa pessoinha tão linda:
        -Deixa eu ver o que foi...
         Desci.
        "Mas que linda, não chora, deixa eu te dar um cheiro..."
        Tem coisa melhor?
        Nesses dois meses de vida ela já deixa os marmanjos de boca aberta, enchendo-a de mimos e atenções. Mas é tanta felicidade que eu olho pro rostinho dela maravilhoso, sorrindo, que me dá vontade de chorar também.
        Voltei pro quarto, então a moça me falou:
        -Não precisa se preocupar comigo, sei que faz parte da vida. Alivia um pouco essa tensão, deita aqui junto de mim e lembra o quanto a gente se ama; agradece de estarmos novamente ao lado um do outro, compartilhando dessa nossa existência.

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