terça-feira, 8 de maio de 2012

De Todas as Maneiras



        Ela conheceu o rapaz meio por acaso e ficou curiosa.
        Culpa da salivação excessiva, do fado ou do que fosse, começaram a desejar-se. Os poucos minutos em que estavam juntos tornavam-se horas, depois dias e semanas.
        A conversa ia durando, os assuntos emendavam-se e sem que percebessem entravam por aquele terreno desconhecido, cujos caminhos levavam a uma praia distante, lugar de sol e água, mas que preferiam ignorar feito quem ignora uma paisagem bonita num quadro da parede que está ali há tanto tempo.
        Mas se era boa a distância, melhor era sua presença.
        De onde vivia podia enxergá-lo à vontade, mas foi preferindo sentir em volta de si os braços do rapaz, seu peito arfando, seu cheiro, seu hálito; uma brisa secando o suor dos corpos nus e exaustos sobre os lençóis molhados.
        Lá fora o barulho da chuva caindo nas árvores se fazia ouvir mesmo em meio à gritos e gemidos; uma lembrança inesperada fez correrem lágrimas por seu rosto, mas o sorriso expressava a pura felicidade de duas almas que se encontram, e o rapaz começava a perceber isso.
        Mas ela preferia esperar, pois se tinha esperado tanto!
        Os namoricos da infância, depois o primeiro compromisso sério, as primeiras decepções, até a total desilusão, de forma a não mais se deixar levar, insistindo em algo que poderia ser apenas uma poeira brilhante no céu da madrugada, tão linda de se ver, mas que findaria aos poucos até não deixar mais rastro.

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