sexta-feira, 18 de maio de 2012

Entre Duas Linhas




       Sentados em volta da mesa tomávamos um vinho barato que o dono da taberna vendeu mais barato ainda, pois estava com o prazo de validade vencido. No que prontamente compramos todas as nove garrafas, abrindo duas e deixando as outras para descansar no isopor com gelo.
       Veio a noite e o lugar foi-se enchendo de gente. Um grupo regional que tinha acabado de tocar lá próximo apareceu e resolveu continuar a festa ali; as pessoas então começaram a dançar, o som dos curimbós e maracas correndo pela praia, indo se perder na escuridão, misturado com o barulho das ondas que se arrebentavam contra as pedras.
        Todo mundo tinha se levantado para curtir o momento, já meio embriagados. Peguei uma garrafa das que estavam no isopor esfriando,  desci até a areia e comecei a caminhar tomando uns goles, sem mais porquê.
        Passei em frente umas árvores onde havia um grupo fumando, então alguém me chamou, uma voz de mulher que reconheci na hora:
        -Ei, vem aqui comigo, é você mesmo?
        -Como estás, a quanto tempo, não?
        -Senta aqui com a gente, quer um trago?
        Eram umas seis pessoas, três moças e três caras, um deles com uma garrafa de vodka, estavam fumando maconha e já iam subir de volta para curtir o carimbó de onde tinha acabado de sair.
        -Valeu, estou só dando um passeio, aproveitando o vento...
        -Realmente, esse vento é muito cabeçudo, não tem como escapar mesmo!
        -Falou, deixa eu continuar no meu rumo.
        -Posso ir com você?
        -Gostas de vinho barato e quente tomado no gargalo?
        -Adoro! Gente, encontro vocês depois lá na casa. Então vamos!
        Foi uma coisa de louco caminhar por ali, olhando as estrelas que eram tantas que parece que víamos todas ao mesmo tempo, depois de esvaziarmos a garrafa, deitados entre o céu e a terra, como se embalados numa rede.

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