sexta-feira, 9 de setembro de 2011

A Cada Dia Um Pouco

        Eu posso tocá-lo agora, sentir seu cheiro enquanto ele cola seu corpo suado contra o meu, e me aperta forte depois que se satisfaz. Ofegante, ele encosta a cabeça no meu ombro, e novamente eu sinto o aroma que se desprende dele, de tabaco, incenso e temperos, e fico ali brincando com seus cabelos, enquanto ele relaxa até começar a dormir.
Em menos de quinze minutos ele acorda, por algum motivo espantadíssimo por ter cochilado ao meu lado, como se tivesse tido um sonho ruim. Ele olhou para mim, e eu vi que queria me dizer alguma coisa, estava apenas criando coragem para falar. E continuava mirando os meus olhos, até que não aguentava e me beijava o pescoço, e depois me mordia e me lambia, e eu suspirava, até senti-lo rijo entre minhas coxas. Ele com as mãos separava minhas pernas, então transávamos novamente, desta vez em outra posição. E depois em outra, e mais outra, até que a lua aparecesse  no céu, e eu tivesse que sair:
- Eu tenho de ir embora, marquei de encontrar um pessoal... Queres ir também?
- Não, eu fico de boa. Mas se mudar de idéia eu te ligo...
- Mas e então?
- Então o quê?
- Tu querias me perguntar uma coisa, mas eu fiquei excitada e acabamos esquecendo. Só que agora podes tirar tua dúvida, o que querias saber?
- É bobagem, não é nem uma pergunta! Na verdade eu ia dizer que és uma garota diferente, não ficas perguntando o que eu estou sentindo, e talvez por isso eu tenha tanta vontade de te dizer  o que eu acho de ti e dessa tua maneira de ser comigo, esse gostar com os olhos, enquanto as outras mulheres que conheci, passado algum tempo, só soubessem falar de nossa relação...
- E muda alguma coisa do que sentes ao falarmos sobre esses assuntos? Vamos ter mais prazer no sexo, melhorarão nossos beijos, ou essa conversa será apenas um peso para ambos, tentando desesperadamente corresponder às expectativas um do outro?
Terminei de falar e meu amante me fitava pensativo. Desta vez parecia espantado com a minha resposta; talvez ele nunca tenha se dado conta de que muitas coisas, mas nem todas, podemos dizer para as pessoas que gostamos. Diminui assim os riscos de estragar algo que deve acontecer naturalmente, que talvez desperte no momento certo o prazer que é estarmos juntos. Esse aspecto da nossa vida que só depende de nós, da forma como nos relacionamos com o nosso corpo e com o prazer que ele pode nos dar.
Nós que dependemos do outro, podemos tentar guiá-lo por caminhos pouco explorados pelo vulgo, que não envolvem apenas o óbvio prazer físico, mas que pode chegar próximo de nos fazer sentir a variedade incrível de boas sensações que despertam uma pessoa querida, quando finalmente temos em nosso coração uma vontade sincera:
- Tens razão! Não quero que te sintas presa a mim, e acho que de qualquer forma não te  sentes assim mesmo; só sei que aos poucos vou descobrindo como viver essa coisa que ainda não sei como chamar, e que talvez estejamos vivendo juntos.
- Pensa da seguinte forma: adoro transar contigo, e além do teu corpo estou sim interessada nesta tua cabecinha. Mas não quero que me digas sempre o que estás pensando, toda vez quando estivermos juntos! Combinado?
- Bem, você que manda, então combinado...
- Ainda tens uma camisinha aí?
- Não sei, quer que eu veja nos bolsos da calça?
Como ainda estávamos nus na cama, não foi difícil fazer o que queria com a minha boca no corpo dele, que entendeu com uma rapidez incrível minha intenção, pegando imediatamente de dentro do bolso o pacote de preservativos.

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