terça-feira, 13 de setembro de 2011

Eu vi, meninos....



            - Sabias que já existiram pessoas deste tamanho?
            O que ele me apontava era um conjunto de estátuas que representava a República. Eram estátuas belíssimas, feitas por um conhecedor da arte de talhar a pedra, em momento inspirado. A Justiça era mulher que não se encontra mais em lugar nenhum, tamanha opulência e beleza. Ainda mais que tinha mais de dois metros de altura:
            - Cara, me fala sério, não existe ser humano algum tão grande assim!
            - Esses seres humanos que nós conhecemos realmente não, mas já imaginastes na época dos Gregos, as pessoas de quem eles esculpiam estátuas?
            - Eu não acredito! Imaginas mesmo que aquelas estátuas ao invés de uma idealização, foram copiadas de um ser humano perfeito, que só existiu naquela época?
            - Acredito...
            Foi indescritível o que senti quando vi meu braço apertado com toda força pela mão mais branca e gelada e dura da minha vida. Tentei me livrar, mas depois que notei meu camarada também era seguro pela mesma mão. Olhei pra cima e vi quem era nosso carrasco: a Estátua da República:
            - Putz, não acredito! Tô fudido!
            - Tamos!
            Fomos arremessados como bonecos muitos metros distante, e por sorte caímos na grama. Eu jurava ter ouvido um grito e olhei meu camarada, mas ele já estava se encontrava de pé. Inclusive se preparava para correr, pois aquela desproporcional estátua de mármore avançava em nossa direção. E agora se podia ouvir: enquanto corria com suas pernas de pedra atrás da gente, emitia um ruído semelhante a uma destruição em massa, como uma explosão, avalanche ou um terremoto arrasadores.
            O Fábio gritou como eu não imaginei que pudesse quando foi pego, no meio da corrida daquela máquina ambulante de quem ninguém poderia escapar. Ele foi arremessado facilmente para o alto, enquanto me olhava desesperado e gritava meu nome. Com uma dor no peito, virei para trás e vi quando ele foi escangalhado por uma braçada daquela criatura, cujo corpo de mármore ficou manchado do tinto sangue do meu bom amigo.
            Em menos de dez passos a criatura se postou na minha frente, então eu não pude mais correr. Ela encostou bem perto o rosto do meu, e seu hálito recendia ao enterrado e velho e distante, e falou numa língua incompreensível, mas que eu entendi perfeitamente:
            - Decifra-me ou te devoro!
            - Decifro...
            Não chore agora meu amigo. Essa é sua última chance, embora você saiba que não tem mais nenhuma. Chegará o dia em que tudo isso você irá imaginar como se nunca tivesse acontecido, mas você se lembrará de que talvez tenha sido muito bom.
E finalmente você também estará morto, como algo que nunca aconteceu.

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