sexta-feira, 20 de abril de 2012

Cabano Comum


         A moça caminhava ao lado do rapaz e pude ver que ambos bebiam de mesma taça, parecendo não se  importar com horários e caminhos, sem destino: apenas curtim aquele momento e seguiam sem rumo, provavelmente em direção à praça.
Enquanto isso bebiam, e o rapaz vez por outra tirava a rolha e completava a taça que traziam, e brindavam segurando a mesma haste: só depois que bebiam do líquido vermelho brilhante é que se beijavam e começavem a rir, depois continuavam a caminhar.
Sentaram ao lado do cemitério; loucos brindaram aos mortos e ficaram sérios novamente; completaram a taça com a última gota de vinho e fizeram um brinde para Jesus Cristo; depois abaixaram as cabeças e calaram-se.
Até que a moça falou:
-Como é meu nome?
-Não sei.
-Também não sei o teu.
-O meu já esqueci faz tempo.
Ela pediu para ver a identidade do rapaz, e ele mostrou o documento e realmente não havia nada que o identificasse: apenas um monte de letras ajuntadas em palavras, debaixo de um rosto que nunca fora o dele.
Ela olhou para aquilo e perguntou:
-Esse na identidade não és tu, como é que andas assim?
-Apenas acredito que sou este aqui...

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