sexta-feira, 6 de abril de 2012

Espírito Natalino




        Acordava todos os dias para a vida começar de novo.
        Nos fins de semana, na folga dos domingos de manhã, pegava a magrela e ia dar uma volta, descarregar a tensão, fazer um exercício.
        Enquanto pedalava ia mesmo relaxando um pouco, pensando coisas amenas, olhando as pessoas e os carros, as placas de publicidade e as pichações, mas sempre tomando cuidado com os buracos da rua e os desníveis do asfalto que poderiam fazê-lo cair.
        Até que num desses passeios costumeiros, entrou na praça e sentou num banco para descansar, tomando a água que havia trazido na mochila e olhando para o céu azul de uma manhã quente e ensolarada, quando de repente apareceu na sua frente uma figura meio estranha, perguntando:
        -Pô, mas tá calor né? Incomoda deu sentar aí?
        -Que nada, se espicha aí mermão.
        O cara parecia estar chorando ou achando graça de alguma coisa, mas era apenas o rosto retorcido por causa da luz em excesso:
        -Pô, mas como é quente esse lugar! Posso fumar um?
        -Vá em frente.
        O cara tinha pego um maço de cigarros mas tirou lá de dentro um baseado, acendeu e começou a fumar tranqüilamente:
        -Ei, figura, cuidado que vêm vindo dois policiais ali...
        -E daí?
        -Daí que aqui é contra a lei fumar maconha escrachadamente em público na praça domingo de manhã.
        -Pô, valeu o toque...
        O figura amassou o baseado, jogou no chão e foi embora.
        Os dois policias que se aproximavam sentiram o cheiro no ar.
        Fizeram uma revista, olharam embaixo do banco e não demoraram a encontrar a maconha amassada no chão:
        -A-há! Sabia que era o cheiro da erva maldita!
-Seu policial, você não vai acreditar, mas foi um cara estranho que estava aqui sentado dois minutos atrás quem jogou isso aí!
        -Sei, e eu sou o Papai Noel.
        -Então Feliz Natal!!!

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