sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Doença do Coração Quebrado

Pessoas colocando maquiagem
Aquele rapaz de jeans não é mais um garoto
Seus cabelos negros ficando grisalhos
O final infeliz de um amor que não pôde ser
Nós cantaremos sozinhos durante a noite
Esperando amanhecer

Quando se encontraram, parecia que ambos sabiam o que ia acontecer. Ela não estava nervosa, ou pelo menos disfarçava bem. Percorreu-lhe os olhos de cima à baixo e disse com um tom agudo na voz que pareceu estranho a Eduardo:
-Por que me chamastes, eu te falei que ia estar o dia inteiro ocupada. O que aconteceu?
Enfim, eram tempos de mudança, quando nada mais parecia fazer sentido e as pessoas comportavam-se como se fossem  donas de suas vidas e soubessem o que fazer com elas, ao invés de todo dia representarem um papel sem ao menos  perceberem isso.
Eduardo e Renata atravessaram todos os problemas comuns a todos os relacionamentos, ainda assim sobreviveram, e quando se deram conta já se conheciam a quase dez anos:
-Após todo esse tempo a gente ainda está junto e eu estive pensando, sei lá sabe?, mês que vem eu completo trinta e três anos, que dizem que é a idade em que morreu Jesus Cristo,  mas depois ele ressuscitou, só que não é isso, quer dizer, a gente gosta um do outro e se conhece tão bem, então eu fiquei me perguntando: "por que a gente não se casa?", hã?
Renata explodiu numa risada. Gargalhou. Cerca de cinco minutos em que só faltou se jogar no chão de pernas pro ar:
-Quiá, quiá, quiá, quiá... ai Eduardo, desculpa, mas tu achas que eu sou louca de casar contigo? Olha bem, eu gosto muito de ti, mas justamente porque a nossa relação é tão boa que eu não preciso me preocupar com o que tu faz. Agora já pensou a minha agonia da gente morando junto e tu querendo sair sozinho pra andar por aí? Como que não ia ser? A gente ia se odiar em duas semanas!
-Realmente, só eu mesmo! Mas eu pensei que tu também estivesses pensando nisso, ora bolas, no fim das contas toda mulher quer casar. Vê bem que já não és mais tão novinha...
-Viu! Estás vendo o porquê deu não ir viver contigo? Mas não se preocupa não, que quando a velha aqui descolar alguém que preste ela te convida pro casamento, seu panaca!
Eduardo realmente era um panaca. Trauteou umas desculpas, "não foi isso que eu quis dizer" e blá blá blá eu te amo, mas Renata tinha razão: pobre da mulher que se ajuntasse com aquele infeliz. Ambos teriam uma vida até boa no começo, mas que com o tempo ficaria insuportável, assim como todo e qualquer casal.

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