segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Outro Tipo de Coisa

"Algumas vezes acontece muito rápido
 outras muito devagar
 O ruim é quando acontece de repente"

        Deus, como era bonita, inteligente, maravilhosa... Naquela época a gente achava que qualquer coisa seria possível, como se os lugares, o tempo e as pessoas nunca mudassem e tudo pudesse ser sempre perfeito.
        E na verdade não é assim. As escolhas que fazemos mudam muita coisa, inclusive nosso futuro. Mas naquele tempo não havia futuro, e agora que chegou, vejo que não havia mesmo.
        Era para mim a coisa mais importante e hoje faria rir um garoto de doze anos. Acontece que o mundo ficou mais veloz, as coisas estão parentemente mais rápidas, eu queria dizer mais descartáveis, embora continue sendo idiotice levar a sério a opinião de alguém de doze anos, a não ser que você esteja pedindo conselhos a uma garrafa de uísque.
        Lembro o nome dela como uma palavra mágica, capaz de transportá-la até onde eu estivesse, mas que hoje em dia não consigo repetir em voz alta. Prefiro que permaneça presa em minha cabeça, só que às vezes tenho que fechar também os olhos para não deixá-la escapar.
        Anos depois e nesse tempo tudo que poderia ter acontecido e não foi, arrependo-me até a última fibra, sei que foi minha culpa, bastava querer e a gente estaria junto até hoje e quem sabe a vida teria sido melhor.
       Outro dia deu-me uma curiosidade muito grande de saber onde ela está, o que anda fazendo depois que sumi, quem sabe até conseguir seu número e marcar um encontro, mas faltou coragem, e o que passou não tem volta.
        Escrevo isso porque ontem tive a impressão de que a tinha visto: estava andando de braço dado com um cara, certamente namorado, marido, amante, ou coisa que valha.
        Atravessei a rua e fiquei seguindo-os de longe, sem saber se devia me aproximar, algo me incomodando dizendo "vai", ao mesmo tempo em que pensava "mas o que você quer com isso?".
        Segui-os durante uns quinze minutos, imaginando várias maneiras de abordá-la sem parecer um idiota, até que ela sumiu com o cara dentro de um carro vermelho e foi embora, e eu finalmente percebi que ela já  tinha ido há muito tempo.

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