segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Máquina de Ossos

   
        "Lá o tempo espera,
         lá é primavera,
         portas e janelas abertas pra sorte entrar..."


        Teorias infinitas poderiam passar por seu cérebro, mas era tanto uma quanto outra, sem motivos particulares, que aferrava-se sua atenção:
        -Por que estás a te amarrar nesta árvore?
        -Muito pelo contrário meu amigo, aí que você se engana! Achei essa corda jogada no caminho, vi esta árvore que estava mais próxima e agora estou dando voltas ao redor do caule, até eu poder dar um laço!
        -E se isso não é se amarrar, por que fazes isso?
        -Como disse, achei a árvore e a corda, por quê não ia fazer?
        -Ainda bem que não viste aquela figueira ali atrás, senão te enforcavas!
        Com os olhos ela perguntava-me: "Por que é ruim atar-se numa árvore?"
        Como que pensando em voz alta, respondi:
        -Amarrar-se de qualquer jeito já é ato temerário, quanto mais no tronco de uma jaqueira! Pode cair-te o fruto na cabeça, um raio na árvore, ou no mínimo ficarás ensopada com esta chuva que se aproxima!
        -Que posso fazer, se em meu caminho apareceu esta corda e este pé-de-jaca?
        -Troca de caminho,oras, Viaja! Te muda pra longe, de preferência pro estrangeiro, assim ao menos aprendes uma nova língua!
        Ela me olhou pensativa durante alguns segundos, afrouxou a corda ao redor de si, entregou-ma:
        -Então segura esta corda pra mim, que agora eu vou embora tirar meu passaporte!
        E nesse momento, se ele fosse poeta, viraria um lagarto...

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