quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Quantos Segundos Para...

   
         Cascatinha das Abóboras era um lugar calmo e pouco afamado, cuja única ocupação dos habitantes e de que muito se orgulhavam era o cultivo das abóboras. Outro orgulho era a nascente que fornecia água fresca e excelentes fotografias de recordação aos visitantes, devido à maviosa queda d'água ali existente a confirmar o topônimo da cidade.
         Era muito tranquilo viver num local que basicamente era sustentado pelas iguarias retiradas sem muito trabalho do mato, como abricós, bacuris e taperebás, além do que o preço popular do jerimum, muito consumido e deveras nutritivo, permanecia estável durante anos no comércio local.
         Um dos habitantes chamado Genésio, talvez por doença ou mau gosto pessoal indiferente ao apelo popular, era intolerante ao afamado legume e preferia comer beterrabas.
         E como beterrabas era gênero trazido de fora de Cascatinha das Abóboras e portanto pagava um frete maior, este cidadão resolveu plantar sua próprias beterrabas no quintal de casa:
         -O que estás a fazer! Deves cultivar o vegetal nacional, não esse tubérculo estrangeiro! Serás denunciado às autoridades com toda certeza!
         -Então você deve ajudar-me! Veja: em poucos meses as beterrabas estarão prontas para colheita, e assim que o fizer apresento-as no mercado de Cascatinha como produto importado...
         Assim fizeram.
         E como naquela terra fértil não só "plantando-se tudo daria", como vegetais e outros bichos ali cevados eram saborosíssimos, pôde vender toda a produção no mesmo dia.
         E durante o tempo em que durou a mentira, Genésio acumulou dinheiro suficiente para abandonar a agricultura e entrar no ramo que verdadeiramente o interessava: uma esplêndida criação de tatus.

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