terça-feira, 27 de março de 2012

Conto Sugerido




        A gente caminhava. Ele falando de coisas passadas, eu tentento planejar um futuro.
        Eu assoando o nariz e ele tossindo rápido, como se estivéssemos numa corrida, tentávamos cadenciar nossos passos.
         Papos como sempre feitos de nossos passeios pela cidade: caminhos desconhecidos, por onde rumávamos simplesmente para conhecê-los.
        Às vezes parávamos em algum bar. Depois prosseguíamos.
        E como tempos assim estão cada vez mais raros, procurávamos aproveitar o melhor possível dos conselhos uns dos outros:
        -Acorde cedo todo dia.
        -A vida segue em frente.
        -Não se meta com quem não presta, mesmo se não prestares.
        -Quando nada mais prestar, me procura.
        -A vida sempre guardará surpresas.
        -O usual em nossa época sempre estará certo.
        -Quem vive de passado é museu.
        -Lembra de tomar o remédio.
        Certas vezes, quando você me ligava cedo de manhã, embora estivesse quase dormindo, sempre procurava atender o telefone, apenas pelo prazer de ouvir a sua voz, naquele único tempo disponível que tínhamos para conversar, despreocupados dos compromissos e horários.

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