O Rapaz e a Garota conversavam. Enquanto um assunto ia puxando o outro, eles se riam e se beijavam, mas depois ficavam sérios, e vinham as perguntas.
Sempre nessas horas um deles se calava:
-Mas do que a gente estava falando mesmo?
Falavam sobre as outras pessoas; sobre substâncias alucinógenas ainda não inventadas; sobre depressão e o futuro da humanidade; sobre adicção e receitas culinárias; sobre livros que ninguém mais lia e filmes que ninguém mais assistia e o escambau ilustrado.
Mas o Rapaz e a Garota realmente se gostavam, então tentavam descobrir o motivo.
Ela procurava dentro de sua cabeça:
"-Por que mesmo que eu fico com esse Rapaz?"
Ele tentava entendê-la só no olhar:
"-Por que será que essa Garota fica comigo?"
E sentiam que ambos e nem ninguém tinha a resposta. As coisas pareciam acontecer sem propósito, aleatórias como se afogar num leito de rio milenar independente de saberes nadar. Quando nosso melhor amigo nos trai e começamos a sentir uma dor-de-dente lancinante, ou como num sonho, quando alguma folha cai.
Feito o passado que não volta.
O amor se transforma em ódio e novamente o mundo se mostra ao contrário.
É como hoje ter tempo para fazer o que se gosta, quando a gente ainda não sabe do que gosta. Mas quando descobrir amanhã, aí então talvez já não sobre tempo pra mais nada.
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