sexta-feira, 30 de março de 2012

Um Dobrado Outra Vez



        Era um amigo ruim, mal filho e péssimo irmão.
        Quem justamente se importava com ele já havia percebido isso, até o dia em que ele finalmente percebeu, decidindo se matar.
        Uma decepção.
        Achou que seria fácil, mas é difícil acabar com a própria vida conscientemente: mesmo que numa estrada você se jogue no acostamento em alta velocidade; mesmo que seja ou não atropelado por algum motorista embriagado; mesmo que se atire de um despenhadeiro e se arrebente nas pedras lá embaixo...
        Ela não vem quando queremos.
        Dá para se levantar, bater a poeira, pensar os machucados e tentar seguir em frente? Fazer quem se ama feliz, para o seu próprio bem?
        "Reflita", "Eu te odeio", "Acabou".
        Então naquele dia, depois do úlitimo fracasso, sentiu algo inesperado: em uma fração de segundo, passou a desejar mais que tudo viver e o perdão daqueles que amava, como se numa jogada do destino, num golpe de sorte, a moeda número um houvesse virado, caindo finalmente do lado certo.
        "Começou"...

Nenhum comentário:

Postar um comentário