terça-feira, 13 de março de 2012

Onde Andarás?




        Ele deveria saber, afinal era a pessoa a quem amava. Só não fazia a mínima idéia por onde ela andava.
        "-Pára, pára tudo agora! Que estória é essa, sem pé nem cabeça, ainda por cima com erros gritantes de concordância! Pelamordedeus, começa de novo esse negócio senão vira uma porcaria."
        Apesar das interrupções de um papagaio de pirata, tentava rememorar o que havia sentido durante o dia e naquilo que havia se tornado sua vida. Coisas absurdas procuravam modificar a sua vontade, exaurindo-lhe as forças e deixando-lhe exausto ao ponto do esgotamento, para que assim não fosse possível pensar sobre a situação em que se encontrava.
        Um prestidigitador maquinava ilusões ao invés de acontecimentos reais, na tentativa de deixar seu espectador embasbacado.
        "-Acho legal acreditar em ilusões, mas prefiro acreditar em milagres!"
        Como o daquele cara revoltado que andava pelas ruas altas horas da madrugada, bêbado de cachaça.
        Dormia em qualquer construção aberta ou casa abandonada que encontrava pelo caminho, às vezes num banco de praça, ou nem dormia: passava a noite toda vagando trôpego, com uma garrafa de cana debaixo do braço, até o dia raiar. O que acontecu com ele é algo difícil de explicar, ou quem sabe não: apenas a criatura enlouqueceu...
        É bem provável que tenha enlouquecido, pois como você chamaria quem a cada segundo, dependendo da hora do dia, apresenta uma atitude e comportamento diferentes? Era como se ainda não tivesse encontrado a essência por debaixo da casca: acreditava que a junção das diferentes formas em que seu humor se apresentava eram o conjunto de sua alma, como uma colcha de retalhos, para quem as coincidências não existiam.
        Sem entender que a vida é uma só, e não temos tempo para prorrogação ou penalidades máximas...
        "-Que doidice! Nossa vida comporta muitas outras, temos vários caminhos à nossa disposição! Se não estás contente com o caminho que seguistes, então troca de estrada, égua sumano!"

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