domingo, 11 de março de 2012

A Dose fatal


     
   
         Não sabia por que ela fazia isso, por que queria tanto seu mal, além do porquê de ser odiado assim por alguém que supostamente deveria amá-lo:
        -Mas como vou amar essa criatura nojenta? Sou obrigado a amar esta praga mesmo assim?
        -Não diga isso! Não lembras de tudo que ela fez pra ti e de toda juventude perdida que ela dedicou à essa pessoa repugnante que te tornastes?
        Ela perguntou em que momento da vida e o que devia ter feito, ou o que tinha morrido dentro dela, pois ao invés de amada, sentia-se agora desprezada. Talvez uma tristeza profunda que se apoderou de ambos sem qualquer motivo, e quando juntos atualmente estavam sós.
        Então buscaram a liberdade na solidão, pois assim quem sabe seria possível viver em paz:
        -Ha ha ha ha ha ha ha ha ha ha! Paz? Ha ha ha ha ha ha....
        Quando nos atinje uma dor forte é inevitável não gemer ou demonstrar de alguma forma o que se está sentindo: vergando a coluna prum lado, andando torto capenga com o pescoço virado ou a mão dura.
        Pois o músculo estirado, o osso quebrado, e até quem sabe um nervo danificado, não permitem que voltemos à posição natural. Talvez por um tempo, talvez para sempre.
        -Por que não vais num médico?
        -Não gosto de tomar remédio!
        -Sério?
        -Putz! Claro que é uma piada! Mas pôrra, que médico vai cuidar desta dor de merda que nem eu sei de onde vem? A única solução que me cabe é ficar na minha e aguentar calado o que está por vir, porque se é para perder tempo abrindo a boca, melhor então  falar de coisas bonitas...
        -Seu bosta, achas mesmo que vais conseguir viver assim, seu desgraçado?

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