quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Cabeça Sonâmbulo

 

        "Pairando no espaço sem corpo a que se prender a nada e alimentando-se da brisa, a cabeça pensava que pensava, mas apenas flutuava e flutuava..."


        Estava acordado durante todo este tempo mas tinha vivido como se num pesadelo de outra pessoa.
        Coisas diferentes do que estava acostumado a ver pareciam familiares agora que finalmente havia despertado, mas todas suas memórias eram como se fossem exatamente isso: o sonho que alguém conta pra você e que essa própria pessoa não tem a certeza de ter acontecido exatamente dessa forma.
        As nuvens tinham mudado de cor, não mais o cinza pálido, esfumaçado, como se da cidade numa manhã de sol verdadeiro tivesse evaporado toda poluição e o contorno dos objetos tivessem voltado exatamente para o lugar onde deveriam estar, emoldurando as cores para que estas encontrem alguma utilidade caso às vezes formem objetos.
         Os bichos, as árvores, as pessoas, os pensamentos, e tudo aquilo que ele costumava ver através de uma cortina de água, encontrava-se agora por motivos certos e sabidos aparentemente muito mais próximo da superfície.

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