quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Nada Nunca É Como Deveria Ser

        Ele estava por ali, aparentemente só sacando. Sentou do lado da bambuzal e ficou um tempo esperando. Tomou um gole duma birita mocozada num saco plástico, ficava prestando atenção no movimento do Forró. O Brother, ex-cana, cantou a pedra:
        -Eu vi ele chegar de moto, os dois capacetes tão com aquele maluco lá falando no celular, que veio na garupa com ele daquela moto bem ali...
        Pior, o Brother podia ter razão! E quando saiu um playboy caindo de bêbado, aí esse bicho não ficou de olho? O playboy saiu fora, aí ele apagou o cigarro que estava fumando, aparentemente de maconha, e o outro mluco com dois capacetes falando no celular veio na direção dele. Foi a deixa para que o Brother e o Outro, que tinham sacado tudo, chegassem logo enquadrando:
        -Bora encosta! Eu vi tu fumando! Encosta tu maluco do capacete aí também!
        -Êh, seu, num leva a gente não! A gente até é ladrão, mas só tenho só essa moto e sou mototaxi, e meu dinheiro eu ganhei trabalhando, a gente veio até aqui só pra curtir e ver se descolava uma gata, a gente não tá passando os pano não!
        O Brother vasculhou os bolsos deles, tavam chei da grana e um pedrão da maronha, aí ele falou:
        -Ô, cês fiquem por aí, mas vou ser forçado a apreender esse paraguaio!
        -Deixe um fino com nós, tio...
        -Num tens vergonha na cara, né maluco?
        -Deixa eles sairem fora...
        -Sai fora então, seus doido, antes que eu tome esse dinheiro!
        -Valeu, tio!
        -É, tio, valeu, valeu...
        Quando o dois feladasputas chagaram na ponte, longe demais para serem alcançados, pararam e gritaram em uníssono, com toda força dos pulmões escrotos:
-Êh, tio: vai te fuder, filhadaputaAAAAAA!!!!!

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