quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Caribú, o Super Cachorro

        Manduca aparece no começo da rua de sua casa. Não há movimento algum, pois são três da manhã e quase metade das lâmpadas dos postes da rua estão queimadas. O motivo? Culpa dos assaltantes, para assim facilitarem seu trabalho e dificultarem o da polícia.
        Anda apreensivo, pois nesta madrugada de sábado para domingo recebeu seu salário, e assusta-se com cada barulho que escuta, cada vegetal que balança ou bicho da noite que se esgueira pela sombra, tudo assemelhando-se a inimigos que venham a tomar-lhe o soldo minguado, insuficiente para sustentar mulher e filhos.
        Mas o pior acontece. Vendo que Manduca se aproxima, um homem sai da sombra de um dos postes apagados, tira um ferro da cintura e posta-se no meio da rua, gritando à distância:
        -Num corre não!
        Não há escapatória, não existe saída. O rato na ratoeira, o inseto preso na teia, o passarinho indefeso que é preso na arapuca, ali está paralisado o pobre e agora quase roubado Manduca:
        -Não me rouba não, que eu moro bem ali, por favor que eu tenho família, olha eu posso te dar esse dinheiro aqui e amanhã se quando eu passar de novo você estiver por aí eu te descolo mais cinquenta contos!
        -Calaboca, caralho! Tás afim de levar um pipoco na fuça? Com quem tu pensas que estás falando, porra!!!
        Nada pode ajudá-lo neste momento, nenhuma viatura da polícia ou até um herói popular virá em seu socorro, parece mesmo que este é o fim, até que uma nuvem no céu negro e sem estrelas deixa entrever uma nesga da lua cheia, e ouve-se um uivo prolongado à distância:
        -O que foi isso?, pergunta-se o fascínora, vasculhando a carteira da vítima em suas mãos, prestes a encontrar o compartimento secreto que Manduca usa para esconder o seu dinheiro do que ele separa pros ladrões.
        O uivo torna-se mais alto, cada vez mais próximo, até que a lua aparece completamente e percebem que um cachorro acabou de dobrar a esquina, e fica parado em posição de ataque, rosnando para o bandido, só com a diferença que é maior que um cachorro de rua comum e usa uma capa esvoaçante.
        -O que tu queres, seu vira-lata, tás com raiva de mim? Toma um balaço, pulguento desgraçado...
        Mas os tiros do meliante não atingem o incrível animal, que com uma agilidade fora do comum, só vista em filmes Hollywoodianos como Matrix, desvia das balas e alcança o bandido com um salto de mais de dez metros, derrubando-o e arrancando sua cabeça com uma dentada, mal dando tempo a um Manduca atônito perguntar seu nome antes de ir embora, respondendo apenas com um latido que corta penetrante o frio da madrugada:
         -Caaaaariiiibuuuuuuuuuuuuuuuuuúúúúúúúú...

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