sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Quando a Árvore Cair Da Folha

        O coro continuava, enquanto Semíflua lutava com todas as forças uma luta impossível: assim que desse meia-noite, seria possuída por uma maldição, que só terminaria quando ela levasse o próprio reino às trevas.
        Disseram-lhe os Conselheiros:
        -Desista de sua vida e salve o reino!
        -Não!!!
        O céu cobriu-se de nuvens cor de lama, os ventos eram piores que ciclones, a tempestade matava com espadadas e agulhadas, e a carnificina era tamanha que nossos olhos grudavam com o visgo do sangue coagulado:
        -Impressionante isso que estás dizendo!
        -Ainda não ouvistes nada.
        Quando ela propôs o suicídio todos foram contra, mas a população revoltou-se e tentou caçá-la até a última masmorra do castelo, onde ela se trancou, e depois com tamanha violência destruiu a chave da cadeia que tiveram certeza de que ela se encontrava  possessa, tentando consumar a desgraça de todos:
        -Nããããoooo!!!!,
        Semíflua gritou, permanecendo rija no fundo da cela onde havia se refugiado e disse:
       "-Deixem-me! Deixem-me aqui, nada acontecerá, recairá sobre mim a desgraça do Reino enquanto eu permanecer nesta cela!"
       Deram-lhe a última palavra os Conselheiros:
       -Assim mesmo não adianta! Só existe expiação na dor, por isso iremos matá-la!
        E a última nota do coro é entoada enquanto degolam Semíflua...

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