Contos em geral, aproveitando a oportunidade da vida dada por Deus, o que gera enormes dúvidas quanto ao destino de cada um frente essa coisa chamada morte. Como um exercício de estar no mundo e de crescimento espiritual, aprendizado e diversão, contribuindo com a construção de uma pessoa melhor consigo mesma e com os outros.
terça-feira, 31 de janeiro de 2012
Trinta E Poucos Minutos
Chegou pro cara da oficina já com a peça mais ou menos original, e pediu pro figura fazer só o serviço:
-É Xis!
-Mas vai demorar?
-Trinta minutinhos.
-Ó, vou dar essa volta, tenho que resolver um sistema, mas em meia hora estou aqui.
-Pode deixar.
Deu realmente uma volta no quarteirão e entrou na primeira padaria que encontrou:
-Vê uma dessas bem gelada e um salgado desses, faz favor...
Um casal numa mesa conversava enquanto comiam sanduíches; numa outra mesa tinha um cara lendo a página de polícia do jornal; o dia pelo jeito ia ser quente como sempre e dessa vez sem um pingo de chuva.
Perguntou então pro rapaz do balcão quando ele trouxe o pastel e a cerveja:
-Será que chove?
-Pelo tempo, hoje não senhor, mas bora ver mais tarde, né?
Podia perguntar para todas pessoas que encontrasse na rua e a resposta seria idêntica. Era impossível fazer qualquer previsão em relação ao tempo com mais de meia hora de antecedência, mas o rapaz do balcão teve razão: naquele dia não choveu.
Voltou pra oficina depois de tomar mais umas duas cervejas e fumar alguns cigarros, mas o cara nem tinha começado o serviço, aparentemente ficou apenas vendo tevê e coçando o saco.
É foda. Ninguém está nem aí pra nada, depois um caboco desse faz uma encenação, uma presepada de baixa qualidade e puta mal gosto, querendo empurrar goela abaixo da gente uma desculpa esfarrapada, aproveitando aquele momento em que se precisa do serviço do maluco e fica dando uma de cú doce pra justificar o próprio desleixo:
-Pôrra, figura! Tenho compromisso, meu! Putaqueopariu!
É foda mesmo. Não espere muito de um país onde a maioria das pessoas vive nessa safadeza assim.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário