terça-feira, 3 de janeiro de 2012

A Luta da Fibra do Couro do Jacaré

     
        Meu amigo Massafina, que tinha esse apelido porque desde criança só comia esse tipo de pão, morava numa rua que algava quando chovia, ou seja, vivia eternamente alagada, tanto que começaram a comentar na vizinhança que um famigerado espécime de réptil estaria a se criar por ali:
        -E pelo tempo que esse charco já está por aí, bem pode aparecer um dos grandes!, disse o Seu Dionísio dono da venda, alargando os braços o mais que podia, o que também não era tanto assim pois ele era anão.
        Na semana seguinte as suspeitas se confirmaram. O pessoal bebendo no Seu Dionísio, incluindo meu chapa Massafina, viu a precisa hora em que um jacaré enorme abocanhou um dos garotos da vizinhança, tomando banho junto com outros petizes no charco, o que era expressamente proibido por todas as mães devido também à cobras e piranhas que por ali rondavam.
        -Meu Deus, o jacaré vai engolir aquela criança!, disse um dos bêbados presentes na venda, virando um gole de São João da Barra logo em seguida, provavelmente para acalmar os nervos.
        -Deixa comigo!
        E quando o pessoal se deu conta, o Massafina já tinha tirado a camisa e se jogado na água de porre, segurando uma peixeira nos dentes, nadando furibundo em direção ao menino, que quando viu aquela montanha de gordura e conhaque de alcatrão indo na direção dele, pediu pro jacaré fazer um esforço e engolir ele mais rápido.
        Mas não teve jeito. O Massa, embora grande, nadava rápido, e tão logo alcançou os dois deu um safanão no moleque, atirando-o desacordado na margem e girou o pobre jacaré-açú pelo rabo tão rápido, mas tão rápido, que quando ele notou que ficou muito leve, parou de girar e viu que tinha ficado só o couro vazio do bicho tirado certinho na mão dele!

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