domingo, 8 de janeiro de 2012

Segunda Tarde

         
        Sentei numa mesa encostada na parede, o mais afastado possível dos alto-falantes, que até tocavam um som maneiro mas naquele volume era foda, e pedi uma gelada e dois copos:
        -É que estou esperando alguém.
        O Donato ligou avisando que já estava no ônibus e não ia demorar nem dez minutos, a gente ia tomar umas cinco ou seis ali e depois descer pra cidade velha. A cerveja era quente como mijo e por aquele preço talvez fosse mijo mesmo, é por isso que eu desconfiava sempre e pedia pro garçom abrir a garrafa na minha frente, só pra ver se ele tirava barato:
        -Essa tá véu de noiva!
        -Ô, estou vendo... Eu me pergunto: como vocês fazem para deixar uma cerveja tão quente?
        -A gente encosta as grades no motor do freezer do lado de fora e lá dentro a gente pôe sacos plásticos cheios d'água pra fazer gelo e vender pra eventos em geral.
        -Estás falando sério que o negócio de vocês aqui é vender gelo?
        -Claro! Ou tu achas mesmo que a gente ganha dinheio vendendo cerveja quente pra um bando de manés por essa merreca?
        Por essa eu não esperava. Bom, pelo menos ele não mijava na garrafa. Quando eu já ia pedir outra daquelas estupidamente quente, uma moça que estava noutra mesa levantou-se e  veio na minha direção:
        -Olha, me desculpa, eu vi esse outro copo aqui e você deve estar esperando alguém, mas eu acho que te conheço de algum lugar, não és amigo do Donato?
        -É justamente quem eu estou esperando.
        -Nossa, que coincidência, e há um tempão que a gente não se vê! Meu nome é Maria, senta ali na mesa comigo e com a minha amiga que depois eu apresento pra ele!
        -Com prazer.
        Mais tarde o Donato chegou e conheceu a Lurdes, tomamos umas e outras e depois descemos os quatro pra cidade velha, e o outro dia foi muito bom também. 

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